Sociedades são, por definição, comunidades interdependentes, nas quais há a existência de redes de relacionamento entre pessoas. A definição vem do latim societas, derivado de socius, relativo ao ‘companheiro’. Todas as atuais sociedades possuem suas leis e suas próprias regras a serem seguidas por àqueles que estão institucionalizados no mesmo grupo. Desde os primórdios da humanidade há relatos de leis e regras que foram adotadas por diferentes tribos em diferentes culturas. E esta definição formou uma barreira intransponível para as pessoas das gerações futuras – pessoas que herdaram dos antepassados os atos e as formas de viver e, também, herdaram a visão do ‘certo’ e do ‘errado’.
As pessoas vivem as suas vidas apegadas àquilo que aceitam como certo. É assim que elas definem a realidade. Mas o ‘certo’ não passa de um mero conceito vago, e essa tal realidade pode ser apenas uma ilusão. Todos os humanos têm de conviver com possíveis suposições incorretas. Mas isso não é apenas outra definição? Quão claramente você pode evoluir o seu olhar para encontrar a realidade permanente? Quão possível é quebrar um paradigma já fundamentado em solo tão profundamente que todos nós confiamos plenamente nele, sem questionar seus possíveis defeitos, que podem ser notados sob ângulos específicos?
Um bom exemplo para responder a esta pergunta é a história de Galileu. Durante a Idade Média, muitos teólogos já haviam reinterpretado erroneamente as escrituras, sem que ocorresse incidentes. Mas depois do Concílio de Trento a Igreja passou a considerar um ato inaceitável a defesa da tese heliocêntrica. Galileu foi condenado e por muito tempo a doutrina da Igreja manteve-se fiel ao geocentrismo, que compreendia a Terra como o astro estacionário no centro do universo enquanto o sol e a lua, bem como os outros planetas, ficavam rodeando-o no entorno. Muito mais tarde, porém, já nos séculos 18 e 19, é que começou a se acreditar no heliocentrismo como o ‘certo’. No século seguinte, mesmo não havendo ainda nenhum estudo cientifico comprovado, a rixa entre heliocentrismo e geocentrismo já não era discutida. Segundo Kuhn, uma comunidade cientifica consiste em homens que partilham um paradigma e esta “(...) ao adquirir um paradigma, adquire igualmente um critério para a escolha de problemas que, enquanto o paradigma for aceito, poderemos considerar como dotados de uma solução possível”. Esta idéia prova que enquanto uma linha de pensamento for aceita como correta por um grupo – mesmo que haja erros e contratempos em sua aparente perfeição – haverá uma solução já pré-estabelecida para a resolução do problema. Mas isso tudo não é apenas outra definição, desta vez colocada por Kuhn?
Os seres humanos estão hoje inseridos em tantos paradigmas e têm como real e verdadeiro tantas virtudes que seria quase impossível contrariá-las ou aprovar novas leis a serem seguidas. Há regras para a alimentação saudável, para se vestir, o modo de agirmos, como lidar com as pessoas – e mesmo nossos pensamentos não podem ser ultrajantes ou de baixo calão, pois, segundo um paradigma já estabelecido, ao possuirmos tal pensamento tornaremo-nos frios e insolentes enquanto seres viventes. O pensamento humano, ainda que mais evoluído e aberto às novas idéias, ainda é criteriosamente escravo de suas próprias concepções.
Pior. Evoluímos em nossos pensamentos de tal maneira que regredimos no tempo. Enquanto a teoria do heliocentrismo já não mais é contestada pela Igreja, hoje contestamo-nos entre o aparente certo e o dito errado, muitas vezes – e na maior parte delas – instaurando penas e castigos aos que forem contra o regulamento, discutindo veemente as opiniões públicas já aceitas e aprovadas em nossa sociedade. Um bom exemplo ilustrativo destes modos é a própria morte. Todos estão fadados à morte, e isto é uma das poucas coisas que são aceitas universalmente em diversas culturas e em diversas épocas. Porém, se resolvemos matar um cidadão hoje – mesmo que seja a pedido dele – seremos cruelmente retirados da sociedade, banidos de nossos compromissos e afastados de nossas regalias. Em sociedades pré-colombianas, porém, ofertar a própria vida e o próprio corpo aos deuses era tido como um rito sagrado e uma forma sadia de elevar o espírito através da dor. A presença de um deus no qual todos acreditavam reduzia o medo de morrer e conduzia os habitantes a escolherem a morte. Culturas diferentes.
Em última análise, fica fácil comprovar que nem sempre o que rotulamos como o certo é, de fato, o mais correto. Contudo, como diria Camões, “(...) o amor tem razões que a própria razão desconhece”. Às vezes, afinal, é sábio não saber de tudo.
As pessoas vivem as suas vidas apegadas àquilo que aceitam como certo. É assim que elas definem a realidade. Mas o ‘certo’ não passa de um mero conceito vago, e essa tal realidade pode ser apenas uma ilusão. Todos os humanos têm de conviver com possíveis suposições incorretas. Mas isso não é apenas outra definição? Quão claramente você pode evoluir o seu olhar para encontrar a realidade permanente? Quão possível é quebrar um paradigma já fundamentado em solo tão profundamente que todos nós confiamos plenamente nele, sem questionar seus possíveis defeitos, que podem ser notados sob ângulos específicos?
Um bom exemplo para responder a esta pergunta é a história de Galileu. Durante a Idade Média, muitos teólogos já haviam reinterpretado erroneamente as escrituras, sem que ocorresse incidentes. Mas depois do Concílio de Trento a Igreja passou a considerar um ato inaceitável a defesa da tese heliocêntrica. Galileu foi condenado e por muito tempo a doutrina da Igreja manteve-se fiel ao geocentrismo, que compreendia a Terra como o astro estacionário no centro do universo enquanto o sol e a lua, bem como os outros planetas, ficavam rodeando-o no entorno. Muito mais tarde, porém, já nos séculos 18 e 19, é que começou a se acreditar no heliocentrismo como o ‘certo’. No século seguinte, mesmo não havendo ainda nenhum estudo cientifico comprovado, a rixa entre heliocentrismo e geocentrismo já não era discutida. Segundo Kuhn, uma comunidade cientifica consiste em homens que partilham um paradigma e esta “(...) ao adquirir um paradigma, adquire igualmente um critério para a escolha de problemas que, enquanto o paradigma for aceito, poderemos considerar como dotados de uma solução possível”. Esta idéia prova que enquanto uma linha de pensamento for aceita como correta por um grupo – mesmo que haja erros e contratempos em sua aparente perfeição – haverá uma solução já pré-estabelecida para a resolução do problema. Mas isso tudo não é apenas outra definição, desta vez colocada por Kuhn?
Os seres humanos estão hoje inseridos em tantos paradigmas e têm como real e verdadeiro tantas virtudes que seria quase impossível contrariá-las ou aprovar novas leis a serem seguidas. Há regras para a alimentação saudável, para se vestir, o modo de agirmos, como lidar com as pessoas – e mesmo nossos pensamentos não podem ser ultrajantes ou de baixo calão, pois, segundo um paradigma já estabelecido, ao possuirmos tal pensamento tornaremo-nos frios e insolentes enquanto seres viventes. O pensamento humano, ainda que mais evoluído e aberto às novas idéias, ainda é criteriosamente escravo de suas próprias concepções.
Pior. Evoluímos em nossos pensamentos de tal maneira que regredimos no tempo. Enquanto a teoria do heliocentrismo já não mais é contestada pela Igreja, hoje contestamo-nos entre o aparente certo e o dito errado, muitas vezes – e na maior parte delas – instaurando penas e castigos aos que forem contra o regulamento, discutindo veemente as opiniões públicas já aceitas e aprovadas em nossa sociedade. Um bom exemplo ilustrativo destes modos é a própria morte. Todos estão fadados à morte, e isto é uma das poucas coisas que são aceitas universalmente em diversas culturas e em diversas épocas. Porém, se resolvemos matar um cidadão hoje – mesmo que seja a pedido dele – seremos cruelmente retirados da sociedade, banidos de nossos compromissos e afastados de nossas regalias. Em sociedades pré-colombianas, porém, ofertar a própria vida e o próprio corpo aos deuses era tido como um rito sagrado e uma forma sadia de elevar o espírito através da dor. A presença de um deus no qual todos acreditavam reduzia o medo de morrer e conduzia os habitantes a escolherem a morte. Culturas diferentes.
Em última análise, fica fácil comprovar que nem sempre o que rotulamos como o certo é, de fato, o mais correto. Contudo, como diria Camões, “(...) o amor tem razões que a própria razão desconhece”. Às vezes, afinal, é sábio não saber de tudo.

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